Sue Boyle – Um Centro de Lazer é também um Templo do Saber

A garota de cor dourada no vestiário feminino
está empenhada em tornar seu corpo mais belo:
ela flexionou e tonificou cada músculo com um mergulho matinal
e removeu os resíduos químicos de piscina
usando um esfoliante aromático e suave.

Ágil como um leopardo, ela tem estrutura óssea perfeita:
sua fenda secreta é tão bem aparada quanto o bigode de um proxeneta.

Absorta em devaneios, ela hidrata e depois borrifa perfumes
em todas as partes que podem ser apreciadas. Suas longas mãos
se movem no ritmo de um tecelão operando um tear –
a base do pescoço, sob o queixo, os pontos sensíveis abaixo das orelhas,
o encontro entre os seios, as coxas de salgueiro.
Ela escova os cabelos, tão limpos que parecem uma cascata.

Uma abelha poderia sorvê-la.
Ela é creme de verão sobre framboesas.
Ela é muito mais jovem que nós.

Ela deveria olhar ao redor.

Nós doze somos o coro:

sabemos o que acontecerá em seguida.

Trad.: Nelson Santander

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A Leisure Centre Is Also a Temple of Learning

The honey coloured girl in the women’s changing room
is absorbed in making her body more beautiful:
she has flexed and toned every muscle with a morning swim
and showered away the pool chemicals
using an aromatic scrub and a gentle exfoliant.

Lithe as a young leopard, she has perfect bone structure:
her secret cleft is shaved as neatly as a charlatan’s moustache.

In dreamy abstractedness she moisturises then spray perfumes
every part that might be loved. Her long hands
move in rhythm like a weaver’s at a loom –
tipped throat, underchin, the little kisspoints below her ears,
the nuzzle between her breasts, her willow thighs.
She brushes her hair so clean it looks like a waterfall.

A bee could sip her.
She is summer cream slipped over raspberries.
She is so much younger than the rest of us.

She should look around.

We twelve are the chorus:

we know what happens next.