Como em uma marca d’água, deciframos,
Por baixo do verniz da relva e dos ramos,
A obsoleta planta da fundação,
E onde corriam muros e construção.
Aqui, os cascalhos enterrados guardam
Vias trilhadas por pés que já não andam;
Cada fragmento que sobreviveu
Vela cicatrizes do que já morreu.
É fácil ler que aqui ficava a entrada,
Mas não o passado e sua aprisionada
Aversão. Lemos as linhas de um salão,
Mas não sua oculta e surda danação.
Lemos nessas esmaecidas ruínas
A calamidade que não discrimina;
Não de Pompéia o logro violento,
Mas a lava do tempo em movimento.
Trad.: Nelson Santander
As in a Watermark
As in a watermark, we read
Beneath the gloss of grass and weed
The obsolete foundation plan
And where the walls and plumbing ran.
Here the sunken stones secrete
The pathways of now vanished feet;
Each surviving trace contrives
To shroud the scars of former lives.
With ease we read the door was here,
But not the bygone shut-in fear;
We read the contours of this room,
But not its muffled private doom.
We read in this eclipsed debris
The leveling catastrophe;
Not Pompeii’s crushing pantomime,
But the lava flow of time.