Ama Codjoe – Por que deixei o Jardim

Depois que perdi meu seio, tornei-me uma mulher
suturada por um tipo de sabedoria.

Ao longo do dia eu me movia como se caminhar não fosse diferente
de cair. Eu possuía os buracos
e o céu crivado. Eu não tinha absolutamente nada.

Mesmo à distância,
eu conseguia ouvir o disco pulando.
O tempo escorria
das mãos. Dos rostos.

Na primeira vez em que um amante traçou
minha cicatriz, acariciou seu rio
e beijou seu sulco, acordei cedo
na manhã seguinte e, silenciosamente, parti.

Trad.: Nelson Santander

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Why I Left the Garden

After I lost my breast, I became a woman
sutured by a kind of knowledge.

All day I moved as if walking was no different
from falling. I owned the potholes
and the riddled sky. I owned nothing at all.

Even from far away,
I could hear the record skipping.
Time was running out  
of hands. Of faces.

The first time a lover traced
my scar, fingered its river  
and kissed its groove, I woke early
the next morning and, quietly, I left.