Ellen Bryant Voigt – Prática

Chorar sem querer, acordar
à noite só para chorar, esperar
que o ponteiro do relógio
trema outra vez, empurrando
o dia dormente adiante —

será isso apenas prática?
Alguns creem no céu,
outros no descanso. Nós flutuaremos,
você disse. Depois
flutuaremos entre dois mundos —

cinco besouros de bronze
encaixados como colheres em uma
peônia, inebriados de desejo:
se eu voltasse como pássaro,
lembraria disso —

até que todos que amamos
estejam a salvo — foi o que você disse.

Trad.: Nelson Santander

Practice

To weep unbidden, to wake
at night in order to weep, to wait
for the whisker on the face of the clock
to twitch again, moving
the dumb day forward—

is this merely practice?
Some believe in heaven,
some in rest. We’ll float,
you said. Afterward
we’ll float between two worlds—

five bronze beetles
stacked like spoons in one
peony blossom, drugged by lust:
if I came back as a bird
I’d remember that—

until everyone we love
is safe is what you said.

Deixe um comentário