Samuel Yellen – Como em uma marca d’água

Como em uma marca d’água, deciframos,
Por baixo do verniz da relva e dos ramos,
A obsoleta planta da fundação,
E onde corriam muros e construção.

Aqui, os cascalhos enterrados guardam
Vias trilhadas por pés que já não andam;
Cada fragmento que sobreviveu
Vela cicatrizes do que já morreu.

É fácil ler que aqui ficava a entrada,
Mas não o passado e sua aprisionada
Aversão. Lemos as linhas de um salão,
Mas não sua oculta e surda danação.

Lemos nessas esmaecidas ruínas
A calamidade que não discrimina;
Não de Pompéia o logro violento,
Mas a lava do tempo em movimento.

Trad.: Nelson Santander

Mais do que uma leitura, uma experiência. Clique, compre e contribua para manter a poesia viva em nosso blog

As in a Watermark

As in a watermark, we read
Beneath the gloss of grass and weed
The obsolete foundation plan
And where the walls and plumbing ran.

Here the sunken stones secrete
The pathways of now vanished feet;
Each surviving trace contrives
To shroud the scars of former lives.

With ease we read the door was here,
But not the bygone shut-in fear;
We read the contours of this room,
But not its muffled private doom.

We read in this eclipsed debris
The leveling catastrophe;
Not Pompeii’s crushing pantomime,
But the lava flow of time.

Deixe um comentário