Querida terra, peço desculpa por tê-la desprezado,
pensei que você fosse apenas o cenário
para os protagonistas — as plantas,
os animais e os animais humanos.
É como se eu amasse apenas as estrelas
e não o céu que deu a elas
espaço para brilhar. Sutil, variada,
sensível, você é a pele do nosso solo,
você é a nossa democracia. Quando compreendi
que nunca a havia honrado como uma igual
viva, senti vergonha de mim mesma,
como se não tivesse reconhecido
uma personagem que parecia tão diferente de mim,
mas agora posso ver-nos a todos, feitos dos
mesmos materiais básicos —
primos daquela primeira explosão do nada —
em nossa intrincada equação juntos. Ó terra,
ajude-nos a encontrar maneiras de servir à sua vida,
você que nos gerou e nos alimentou
e que, no final, vai nos acolher,
e girar conosco, e oscilar e orbitar.
Trad.: Nelson Santander
Ode to Dirt
Dear dirt, I am sorry I slighted you,
I thought that you were only the background
for the leading characters—the plants
and animals and human animals.
It’s as if I had loved only the stars
and not the sky which gave them space
in which to shine. Subtle, various,
sensitive, you are the skin of our terrain,
you’re our democracy. When I understood
I had never honored you as a living
equal, I was ashamed of myself,
as if I had not recognized
a character who looked so different from me,
but now I can see us all, made of the
same basic materials—
cousins of that first exploding from nothing—
in our intricate equation together. O dirt,
help us find ways to serve your life,
you who have brought us forth, and fed us,
and who at the end will take us in
and rotate with us, and wobble, and orbit.