José Infante – Remorsos ao iniciar um novo ano

Já pensaste algumas vezes que talvez foste tu
quem não amaste ninguém, ou talvez não
o suficiente para que não te deixassem
abandonado pelo mundo, como um fantasma errante?
Pensavas que sempre foste generoso,
mas agora te perguntas se na verdade não foste
possessivo, ciumento, desconfiado e sufocante.
Acreditaste que o amor era para ti a única entrega,
o único sentimento que guiava tua vida,
a única razão de tua existência, o motivo
e a raiz que iluminava tudo o que fazias,
desde o cuidado da casa até o das as palavras,
os silêncios nos quais às vezes te encerravas de forma
repentina e que só pensavas serem amor também,
inexprimível. Uma forma absurda de adoração.
O que fizeste de errado ou em que te equivocaste?
Ou foi o destino que jogou contigo uma partida
cruel e destruidora? Olhas para trás, agora que
começa um novo ano e ficas igualmente tentado
a fazer um balanço completo do tempo que passou.
Dentro de ti queres crer que teus erros, todos,
foram produtos apenas do amor, que não conseguias
manter a teu lado, por mais que tenhas tentado.
Erros que eram produto do inefável
que te impedia de expressar todo o sentimento
de teu coração e de teu próprio corpo. Agora duvidas disso.
Neste mês de janeiro de dois mil e dez, aos 63 anos
de tua triste existência, acodem remorsos
urgentes, que te acossam e impregnam teu ânimo.
Cada dia de tua vida de velho fracassado.
Talvez tenhas amado a ti mesmo mais do que o que a vida
tão generosamente te ofereceu. Ou não percebeste,
perdido como sempre estiveste em um escuro labirinto
que só conduz ao inferno e ao nada.

Trad.: Nelson Santander

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Remordimientos al comenzar un año

¿No has pensado algunas veces que quizás fuiste tú
quien no quisiste a nadie, o tal vez no
lo suficientemente para que no te dejaran
abandonado por el mundo, como fantasma errante?
Tú pensabas que siempre fuiste generoso,
pero ahora te preguntas si en realidad no fuiste
posesivo, celoso, desconfiado y agobiante.
Has creído que el amor fue para ti la única entrega,
el único sentimiento que guiaba tu vida,
la única razón de tu existencia, el motivo
y la raíz que iluminaba todo lo que hacías,
desde el cuidado de la casa hasta el de las palabras,
los silencios en los que a veces te encerrabas de forma
repentina y que solo pensabas que eran amor también,
inexpresable. Una manera absurda de adoración.
¿Qué hiciste mal o en qué te equivocaste?
¿O fue el destino quien jugó contra ti una partida
cruel y destructora? Miras atrás, ahora que comienza
de nuevo un año y tienes la misma tentación
de hacer un balance total del tiempo que ha pasado.
Dentro de ti quieres creer que tus errores, todos,
fueron producto tan solo del amor, que no lograbas
retener a tu lado, por más que lo intentaste.
Errores que eran producto de lo inefable
que te impedía expresar el sentimiento entero
de tu corazón y de tu propio cuerpo. Ahora lo dudas.
En este mes de enero de dos mil diez, a los 63
de tu triste existencia, acuden remordimientos
urgentes, que te acosan y que impregnan tu ánimo.
Cada día de tu vida de viejo fracasado.
Talvez te quisiste a ti mismo más que a lo que la vida
tan generosamente te ofrecía. O no te diste cuenta,
perdido como has estado siempre en un oscuro laberinto
que tan solo conduce al infierno y a la nada.

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