Estamos preparados: construímos baixas nossas casas,
cobrimo-las com boa ardósia e embutimos as paredes na rocha.
Esta terra ressequida nunca nos incomodou
Com feno, logo, como você pode ver, não há pilhas
De palhas que possam ser perdidas. Nem árvores
Que possam estar presentes quando ela atinge toda
Sua potência: você sabe o que eu quero dizer – folhas e galhos
Podem formar um coro trágico em uma tempestade,
De modo que você ouve o que teme,
Esquecendo que aquilo está atingindo também a sua casa.
Mas não há árvores, nem abrigo natural.
Poder-se-ia pensar que o mar é uma companhia,
Explodindo confortavelmente sobre as falésias,
Mas não: quando ela começa, os jatos lançados alcançam
As próprias janelas, cospem como um gato domesticado
Tornando-se selvagem. Ficamos quietos enquanto o vento
Mergulha e metralha, invisível. O vácuo é uma salva,
Somos bombardeados pelo espaço vazio.
Estranho: é um enorme nada o que tememos.
Trad.: Nelson Santander
Storm on the Island
We are prepared: we build our houses squat,
Sink walls in rock and roof them with good slate.
This wizened earth has never troubled us
With hay, so, as you see, there are no stacks
Or stooks that can be lost. Nor are there trees
Which might prove company when it blows full
Blast: you know what I mean – leaves and branches
Can raise a tragic chorus in a gale
So that you listen to the thing you fear
Forgetting that it pummels your house too.
But there are no trees, no natural shelter.
You might think that the sea is company,
Exploding comfortably down on the cliffs
But no: when it begins, the flung spray hits
The very windows, spits like a tame cat
Turned savage. We just sit tight while wind dives
And strafes invisibly. Space is a salvo,
We are bombarded with the empty air.
Strange, it is a huge nothing that we fear.
1 Comentário