Anna Akhmátova – Cleópatra

Os palácios de Alexandria
Cobriram-se de sombras suaves.
Púschkin

Ela já beijara os lábios de Antônio, sem vida,
E chorava, de joelhos, ante Augusto, vencida…
E os servos a traíram. Sob a águia de Roma
As trombetas ressoam. E o crepúsculo assoma.

E chega o último escravo de sua beleza.
Alto e solene, num sussurro, ele pondera:
“Vão te levar para ele… em triunfo… como presa…”
Mas a curva do colo de cisne não se altera.

Amanhã acorrentarão seus filhos. Pouco lhe resta:
Brincar com este rapaz até perder a mente
E, de piedade, a víbora negra — último gesto —
Depor no peito moreno com a mão indiferente.

Trad.: Augusto de Campos

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