Luci Shaw – A canção de Maria

O rústico tecido azul e a curva do meu peito
mantém aquecida esta pequena estrela nua e quente
que caiu em meus braços (Descanse…
você que teve que vir de tão
distante). Agora a proximidade satisfaz
docemente o corpo de Deus. Tranquilo repousa
aquele cuja força fez jorrar
um universo. Ele dorme,
aquele cujas pálpebras nunca antes se fecharam.
Sua respiração (tão leve que mal parece
uma respiração) uma vez agitou as profundezas escuras
para fazer brotar um mundo.
Encantado com o arrulho das pombas e o sussurro da palha,
ele sonha,
sem ouvir a música de suas outras esferas.
Respiração, boca, ouvidos, olhos
ele se restringiu
aquele que transbordou todos os céus,
todos os anos.
Mais velho que a eternidade, agora ele
é novo. Agora um nativo da terra como eu, pregado
ao meu pobre planeta, preso para que eu possa ser livre,
cego em meu ventre para eu saber que minha escuridão terminou,
trazido a este nascimento
para que eu seja uma recém-nascida,
e para que ele me veja curada
eu devo vê-lo dilacerado.

Trad.: Nelson Santander

Mary’s Song

Blue homespun and the bend of my breast
keep warm this small hot naked star
fallen to my arms. (Rest…
you who have had so far
to come.) Now nearness satisfies
the body of God sweetly. Quiet he lies
whose vigor hurled
a universe. He sleeps
whose eyelids have not closed before.
His breath (so slight it seems
no breath at all) once ruffled the dark deeps
to sprout a world.
Charmed by dove’s voices, the whisper of straw,
he dreams,
hearing no music from his other spheres.
Breath, mouth, ears, eyes
he is curtailed
who overflowed all skies,
all years.
Older than eternity, now he
is new. Now native to earth as I am, nailed
to my poor planet, caught that I might be free,
blind in my womb to know my darkness ended,
brought to this birth
for me to be new-born,
and for him to see me mended
I must see him torn.

Deixe um comentário