Cheryl Pearson – Encantamento de proteção para um amado

Você sai com o carro em uma noite chuvosa,
e minha mente corre solta. Bêbados. Pista escorregadia.
Um corpo sob um lençol à beira da estrada. Eu te digo:
Tenha cuidado. O que quero dizer é: Eu te amo,
não vá embora. Eu quero você quente e descontente.
O rejunte entre os ladrilhos do banheiro está lascando;
a umidade na cozinha arruinou o sal. Eu listo
cada meio pelo qual você pode ser destruído, e o cão recebe
uma focinheira e permite que você respire. Nenhuma curva fechada
em duas rodas. Nenhum erro ao conduzir o caminhão articulado.
Eu te dou câncer, rompo seu apêndice. Torno-o
alérgico a abelhas. Houve situações perigosas:
eu as conto como as contas de um rosário, afago nossa sorte.
A vez em que aquaplanamos em uma lâmina de luz. A vez
em que a embreagem do seu carro falhou nos Picos. O amor
sobrevive aos amantes, sim, mas eu não quero ficar
para trás. Eu seguro a cortina, embaço a vidraça. Com
derrame. Com moto. Com infarto.

Trad.: Nelson Santander

Protection Spell For A Lover

You take out the car on a wet night,
and my mind runs wild. Drunks. Black ice.
A body in ribbons at the side of the road. I tell you,
Be careful. What I mean is, I love you,
don’t leave. I want you warm and complaining.
The grout between the bathroom tiles is chipping;
the damp in the kitchen has wrecked the salt. I list
each means of your unmaking, and so the dog
is muzzled, leaves you breathing. No sharp turn
on two wheels. No error in guiding the articulated truck.
I give you cancer, rupture your appendix. I make you
allergic to bees. There have been close calls:
I count them like rosary beads, thumb our luck.
The time we aqua-planed on a sheet of light. The time
the bite of your clutch failed in the Peaks. Love
outlives the lover, yes, but I don’t want to be
left back. I hold the curtain, fog the glass. With
stroke. With motorbike. With heart attack.

Deixe um comentário