Catherine Pond – Chegada

Eu era tão tola. Achei que seu sofrimento fosse algo
que eu pudesse resolver ou pelo menos esconder,
como o falcão morto que encontramos na floresta e levamos
de volta para casa, sob a noite azul-aço, para enterrar.

Achei que a morte seria uma história que contaríamos depois,
e riríamos. Em vez disso, você parou de compartilhar
suas coisas comigo, exceto os poemas, que eu nem
sabia que você estava escrevendo. Eu era sua única

leitora. Naquele verão em High Peaks seus rascunhos
se empilhavam na mesa de piquenique, sob um peso de papel,
bordas tremeluzindo ao vento como longas asas prateadas.
Você tinha acabado de completar treze anos. Eu estava com

onze e meio. Comecei a escrever de volta. Achei que
poderíamos viver assim, lado a lado,
sem falar, observando a tinta fluir como ondas pela
página. Como poderíamos saber

o que a água faria conosco, que a pressão da profundeza
nos afastaria, que o tempo viria
em nossa direção como um barco a motor, silencioso, amorfo?
Que o amor é uma agonia que temos que enfrentar sozinhos?

Trad.: Nelson Santander

Mais do que uma leitura, uma experiência. Clique, compre e contribua para manter a poesia viva em nosso blog

Arrival

I was so dumb. I thought your suffering was something
I could solve, or at least push out of sight,
like the dead falcon we found in the forest and carried
back home under steel-blue night to bury.

I thought death was a story we'd tell ourselves later,
and laugh. Instead, you stopped sharing
things with me, except the poems, which I didn't even
know you'd been writing. I was your only

reader. That summer in the High Peaks your drafts
piled up on the picnic table under a paper-weight,
edges shimmering in the wind like long, silver wings.
You were newly thirteen. I was half-way

through eleven. I began to write back. I thought we
could live together this way, side by side,
not speaking, watching ink run like waves across the
page. How could we have known

what the water would do, that the depth pressure would
pull us apart, that time would come
towards us like a motorboat, soundless, amorphous.
That love is an agony we have to enter alone.

Deixe um comentário