Eu acordo mais cedo, agora que os pássaros chegaram
E cantam nas árvores inabaláveis.
Em um catre junto a uma janela aberta
Eu me estendo como campo consumido, enquanto desabrocha a primavera.
Agora, de todos os viajantes de que me lembro, quem dentre eles
Não embarcou com pesar em seus mapas? —
Até parece que os homens nunca vão a lugar nenhum, que eles só saem
De onde quer que estejam quando a morte começa.
Pessoalmente, acho que minha vida insuficiente
Não implora por nenhuma novidade ou simulação de distância;
Onde, em que país, poderia eu formular esses pensamentos,
de que ainda sou cidadã desta cidade decaída?
Em um catre junto a uma janela aberta, eu me deito e relembro
Enquanto os pássaros nas árvores cantam o círculo do tempo.
Deixem que os moribundos prossigam, e deixem-me, se eu puder,
Herdar do desastre antes de partir.
Oh, vou ver os grandes navios saindo do porto,
E minhas chagas pulsam de impaciência; ainda assim, volto
Para ordenar as ruínas lutuosas de minha casa:
Aqui ou em lugar nenhum, farei as pazes com o fato.
Trad.: Nelson Santander
No Voyage
I wake earlier, now that the birds have come
And sing in the unfailing trees.
On a cot by an open window
I lie like land used up, while spring unfolds.
Now of all voyagers I remember, who among them
Did not board ship with grief among their maps?—
Till it seemed men never go somewhere, they only leave
Wherever they are, when the dying begins.
For myself, I find my wanting life
Implores no novelty and no disguise of distance;
Where, in what country, might I put down these thoughts,
Who still am citizen of this fallen city?
On a cot by an open window, I lie and remember
While the birds in the trees sing of the circle of time.
Let the dying go on, and let me, if I can,
Inherit from disaster before I move.
O, I go to see the great ships ride from harbor,
And my wounds leap with impatience; yet I turn back
To sort the weeping ruins of my house:
Here or nowhere I will make peace with the fact.