Louise Glück – Santas

Em nossa família, havia duas santas,
minha tia e minha avó.
Mas suas vidas foram diferentes.

Minha avó era tranquila, mesmo no final.
Ela parecia uma pessoa caminhando em águas calmas;
por alguma razão
o mar não conseguiu feri-la.
Quando minha tia enveredou pelo mesmo caminho,
as ondas quebraram sobre ela, atacaram-na,
que é como as Fiandeiras do Destino respondem
a uma verdadeira natureza espiritual.

Minha avó era cautelosa, conservadora:
por isso escapou do sofrimento.
Minha tia não escapou de nada;
cada vez que o mar recua, alguém a quem ela ama é levado embora.

Ainda assim, ela não vivenciará
o mar como um mal. Para ela, ele é o que é:
onde toca a terra, ele tem que recorrer à violência.

Trad.: Nelson Santander

Conheça outros livros de Louise Glück clicando aqui

Saints

In our family, there were two saints,
my aunt and my grandmother.
But their lives were different.

My grandmother’s was tranquil, even at the end.
She was like a person walking in calm water;
for some reason
the sea couldn’t bring itself to hurt her.
When my aunt took the same path,
the waves broke over her, they attacked her,
which is how the Fates respond
to a true spiritual nature.

My grandmother was cautious, conservative:
that’s why she escaped suffering.
My aunt’s escaped nothing;
each time the sea retreats, someone she loves is taken away.

Still she won’t experience
the sea as evil. To her, it is what it is:
where it touches land, it must turn to violence.

Um comentário sobre “Louise Glück – Santas

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s