Alfonso Brezmes – Os outros

São as formas que a memória assume.
A sensação de ter estado lá
apesar de todas as evidências em contrário;
um algo onde havia um buraco,
um buraco onde havia alguém;
a dor deste membro fantasma
que se parece muito com a vida;
os ecos familiares que Verlaine citava
naquele poema que ainda perdura
em uma distante sala de aula da infância;
e, para concluir o quadro, nós:
os velhos e cativantes fantasmas
dos quais os demais ainda se lembram,
quase com as mesmas vozes e gestos
de quando estávamos vivos.

Trad.: Nelson Santander

Los otros

Son las formas que adopta la memoria.
La sensación de haber estado allí
pese a toda la evidencia en contra;
un algo donde había un hueco,
un hueco donde había alguien;
el dolor de este miembro fantasma
que se parece mucho a la vida;
los ecos familiares que citaba Verlaine
en aquel poema que aún perdura
en un aula perdida de la infancia;
y, para terminar la foto, nosotros:
los viejos y entrañables espectros
que los demás aún recuerdan,
casi con la misma voz y ademán
que cuando estuvimos vivos.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s