Ela estava com sete anos quando paramos
de usar chaves. Menos uma coisa para se perder.
Agora nós usamos uma senha —
simples, mas espero que não tão simples que
um estranho possa adivinhar. É aqui que
eu deveria parar. Eles se veriam obrigados
a ficar irritados — meus amados.
Estou revelando todos os nossos segredos
novamente. Esta vulnerabilidade
é a raiz de muita fúria…
Eu era pequena. Uma pedra em nosso quintal
escondia uma caixa de metal com uma tampa
que deslizava como uma caixa de fósforos
para revelar nossa chave. Ao erguer aquela
grande pedra marrom, eu pensava seriamente
em esmagar a cabeça de alguém. O mal
vinha sempre vestido com o corpo
de um estranho. Às vezes, eu luto
com a minha filha — faço seu minúsculo
corpo trabalhar para sair de baixo
do peso que faço com o meu.
Desta forma, tento ensinar a ela
como é a sensação de se libertar.
Trad.: Nelson Santander
To enter our own empty house
She was seven when we stopped
using keys. One less thing to lose.
Now we punch a combination—
easy, but hopefully not so easy
a stranger could guess. This is where
I should stop. They are bound
to be angry—my beloveds.
I am giving away all our secrets
again. Such vulnerability
is the root of much fury….
I was small. One stone in our yard
hid a metal case with a lid
that slid like a matchbox top
to reveal our key. Lifting that
big brown rock, I’d think hard
of bashing someone’s head. Harm
always came dressed in the body
of a stranger. Sometimes, I wrestle
with my daughter—make her tiny
body work its way out from under
the weight I make of my own.
In this way I try to teach her
how it feels to break free.