Estou aprendendo a abandonar o mundo
antes que ele acabe me abandonando.
Já desisti da lua
e da neve, fechando minhas cortinas
contra as reivindicações do branco.
E o mundo levou
meu pai, meus amigos.
Abandonei as linhas melódicas das colinas,
passando para uma paisagem plana, desafinada.
E todas as noites eu desisto do meu corpo,
membro por membro, em movimentos ascendentes
através dos ossos, em direção ao coração.
Mas a manhã chega com os pequenos
adiamentos do café e do canto dos pássaros.
Uma árvore do lado de fora da janela,
que há momentos era simplesmente sombra
recupera seus galhos, ramo
por ramo frondoso.
E enquanto eu retomo o meu corpo,
o sol pousa seu morno focinho em meu colo
como se quisesse fazer as pazes.
Trad.: Nelson Santander
I am learning to abandon the world
I am learning to abandon the world
before it can abandon me.
Already I have given up the moon
and snow, closing my shades
against the claims of white.
And the world has taken
my father, my friends.
I have given up melodic lines of hills,
moving to a flat, tuneless landscape.
And every night I give my body up
limb by limb, working upwards
across bone, towards the heart.
But morning comes with small
reprieves of coffee and birdsong.
A tree outside the window
which was simply shadow moments ago
takes back its branches twig
by leafy twig.
And as I take my body back
the sun lays its warm muzzle on my lap
as if to make amends.
Obrigado, Nelson.
Lindo poema. Linda tradução.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Muito obrigado, Paulo Sérgio
CurtirCurtir
[…] 19. Linda Pastan – Estou aprendendo a abandonar o mundo Estou aprendendo a abandonar o mundo antes que ele acabe me abandonando. Já desisti da lua e da neve, fechando minhas cortinas contra as reivindicações do branco. E o mundo levou meu pai, meus amigos. (…) […]
CurtirCurtir