Maya Angelou – Quando as grandes árvores caem

Quando as grandes árvores caem,
rochas de colinas distantes estremecem,
leões se escondem
na relva alta,
e até os elefantes
arrastam-se em busca de segurança.

Quando as grandes árvores caem
na floresta,
pequenas coisas recolhem-se ao silêncio,
seus sentidos
erodidos para além do medo.

Quando grandes almas morrem,
o ar ao nosso redor se torna
leve, raro, estéril.
Nós respiramos, brevemente.
Nossos olhos, brevemente,
enxergam com
uma dolorosa nitidez.
Nossa memória, subitamente aguçada,
examina,
rumina amáveis palavras
não pronunciadas,
passeios prometidos
nunca realizados.

Grandes almas morrem e
nossa realidade, a elas
vinculada, se despede de nós.
Nossas almas,
que dependem de seu
nutrimento,
agora encolhem, murchas.
Nossas mentes, formadas
e informadas por seu
resplendor, se dispersam.
Não estamos tão enlouquecidos
quanto reduzidos à indizível ignorância de
escuras, frias
cavernas.

E quando grandes almas morrem,
depois de um tempo a paz prolifera,
lenta e sempre
irregularmente. Os espaços se enchem
de uma espécie de
vibração elétrica relaxante.
Nossos sentidos, restaurados, para nunca
mais serem os mesmos, sussurram para nós.
Elas existiram. Elas existiram.
Nós podemos ser. Ser e ser
melhor. Pois elas existiram.

Trad.: Nelson Santander

When Great Trees Fall

When great trees fall,
rocks on distant hills shudder,
lions hunker down
in tall grasses,
and even elephants
lumber after safety.

When great trees fall
in forests,
small things recoil into silence,
their senses
eroded beyond fear.

When great souls die,
the air around us becomes
light, rare, sterile.
We breathe, briefly.
Our eyes, briefly,
see with
a hurtful clarity.
Our memory, suddenly sharpened,
examines,
gnaws on kind words
unsaid,
promised walks
never taken.

Great souls die and
our reality, bound to
them, takes leave of us.
Our souls,
dependent upon their
nurture,
now shrink, wizened.
Our minds, formed
and informed by their
radiance, fall away.
We are not so much maddened
as reduced to the unutterable ignorance of
dark, cold
caves.

And when great souls die,
after a period peace blooms,
slowly and always
irregularly. Spaces fill
with a kind of
soothing electric vibration.
Our senses, restored, never
to be the same, whisper to us.
They existed. They existed.
We can be. Be and be
better. For they existed.

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