Ana Martins Marques – A porta de saída

“Eu vou morrer, mas
isso é tudo o que farei pela Morte”
Edna St. Vincent Millay, Objeção de consciência

“Alô, iniludível” 
Manuel Bandeira, Consoada

A porta de saída

Mas não serei eu
a colocar-lhe a mesa
– quando chegar
encontrará a casa como sempre
em desordem
cheia de livros e discos
com plantas e gatos ao sol
e os papéis em órbita
em torno da cama
e os lençóis revoltos
como em alto-mar
quando vier
dar cabo dos aniversários
comer a carne até os ossos
encontrará as coisas acesas
fora do lugar
o campo por lavrar e
a louça por lavar
quando chegar
que se sirva
do que achar
e feche ao sair a porta
por fora 

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s