Louise Glück – Scilla

Não eu, seu idiota, não eu-mesma, mas nós, nós – ondas
de céu azul como
uma crítica do firmamento: por que
vocês valorizam tanto suas vozes
quando ser algo
é ser quase nada?
Por que vocês olham para cima? Para ouvir
um eco como o da voz
de deus? Vocês são todos iguais para nós,
solitários, parados aí em cima, planejando
suas vidas tolas: vocês vão
para onde são enviados, como todas as coisas,
para onde os ventos os semeiam,
um ou outro sempre
olhando para baixo e vendo alguma imagem
da água, e ouvindo o quê? Ondas,
e sobre as ondas, pássaros cantando.

Trad.: Nelson Santander

Scilla

Not I, you idiot, not self, but we, we – waves
of sky blue like
a critique of heaven: why
do you treasure your voice
when to be one thing
is to be the next to nothing?
Why do you look up? To hear
an echo like the voice
of god? You are all the same to us,
solitary, standing above us, planning
your silly lives: you go
where you are sent, like all things,
where the wind plants you,
one or another of you forever
looking down and seeing some image
of water, and hearing what? Waves,
and over waves, birds singing.