Maya C. Popa – Vida querida

Não posso desfazer tudo o que fiz a mim mesma,
o que permiti que um apetite por amor me fizesse.

Eu quis o mundo todo, suas maravilhas
e suas mazelas; alguns dias
acho que já houve castigo suficiente.

Com frequência, recebi mais do que pedi,

que é como isso funciona — você pesca em mar aberto
pronta para ser ferida pelo que fisgar.

Joga-lo de volta era um pesadelo.
Joga-lo de volta e ver minha própria face

enquanto ela desaparecia na água escura.

Fisgar de repente minha língua no metal,
cuspindo o anzol na palma da minha mão aberta.

Vida querida: hoje sinto esse anzol mais profundamente.

Você afrouxaria a linha? — você me ouvirá

caso eu lhe pergunte

se você é do tipo de vida que eu acho que é?

Trad.: Nelson Santander

Dear Life

I can’t undo all I have done unto myself,
what I have let an appetite for love do to me.

I have wanted all the world, its beauties
and its injuries; some days,
I think that is punishment enough.

Often, I received more than I’d asked,

which is how this works—you fish in open water
ready to be wounded on what you reel in.

Throwing it back was a nightmare.
Throwing it back and seeing my own face

as it disappeared into the dark water.

Catching my tongue suddenly on metal,
spitting the hook into my open palm.

Dear life: I feel that hook today most keenly.

Would you loosen the line—you’ll listen

if   I ask you,

if   you are the sort of  life I think you are.

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