Não posso desfazer tudo o que fiz a mim mesma,
o que permiti que um apetite por amor me fizesse.
Eu quis o mundo todo, suas maravilhas
e suas mazelas; alguns dias
acho que já houve castigo suficiente.
Com frequência, recebi mais do que pedi,
que é como isso funciona — você pesca em mar aberto
pronta para ser ferida pelo que fisgar.
Joga-lo de volta era um pesadelo.
Joga-lo de volta e ver minha própria face
enquanto ela desaparecia na água escura.
Fisgar de repente minha língua no metal,
cuspindo o anzol na palma da minha mão aberta.
Vida querida: hoje sinto esse anzol mais profundamente.
Você afrouxaria a linha? — você me ouvirá
caso eu lhe pergunte
se você é do tipo de vida que eu acho que é?
Trad.: Nelson Santander
Dear Life
I can’t undo all I have done unto myself,
what I have let an appetite for love do to me.
I have wanted all the world, its beauties
and its injuries; some days,
I think that is punishment enough.
Often, I received more than I’d asked,
which is how this works—you fish in open water
ready to be wounded on what you reel in.
Throwing it back was a nightmare.
Throwing it back and seeing my own face
as it disappeared into the dark water.
Catching my tongue suddenly on metal,
spitting the hook into my open palm.
Dear life: I feel that hook today most keenly.
Would you loosen the line—you’ll listen
if I ask you,
if you are the sort of life I think you are.