Pedro Salinas – [A tua forma de amar]

A tua forma de amar
é deixar-me que te queiras.
O sim com que te rendes
é o silêncio. Teus beijos
são oferecer-me os lábios
para que eu possa beija-los.
Nunca palavras, abraços,
me dirão que existias,
que me quiseste: nunca.
Dizem-mo as folhas em branco,
mapas, augúrios, chamadas;
tu, não.
E fico abraçado a ti
sem perguntar-te, com receio
que não seja verdade
que tu vives e me ama.
E fico abraçado a ti
sem olhar, sem tocar-te.
Com receio de descobrir
com perguntas, com carícias,
essa solidão imensa
de apenas eu te amar.

De “La voz a ti debida” [39]

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO (com alterações na tradução): poema publicado no blog originalmente em 03/04/2018

Pedro Salinas – La voz a ti debida [39]

La forma de querer tú
es dejarme que te quiera.
El sí con que te me rindes
es el silencio. Tus besos
son ofrecerme los labios
para que los bese yo.
Jamás palabras, abrazos,
me dirán que tú existías,
que me quisiste: jamás.
Me lo dicen hojas blancas,
mapas, augurios, teléfonos;
tú, no.
Y estoy abrazado a ti
sin preguntarte, de miedo
a que no sea verdad
que tú vives y me quieres.
Y estoy abrazado a ti
sin mirar y sin tocarte.
No vaya a ser que descubra
con preguntas, con caricias,
esa soledad inmensa
de quererte sólo yo.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s