Czesław Miłosz – Encontro

Ao amanhecer, cruzávamos os campos congelados em uma carroça.
Uma asa vermelha se ergueu da escuridão.

E subitamente uma lebre atravessou a estrada.
Um de nós apontou para ela com a mão.

Isso foi há muito tempo. Hoje, nenhum deles vive,
Nem a lebre, nem o homem que fez o gesto.

Oh, meu amor, onde estão, para onde vão?
O clarão daquela mão, vestígio de movimento, rumorejar de cascalhos.
Pergunto não por tristeza, mas com admiração.

Wilno, 1936

Trad.: Nelson Santander

N. do T.: poema originalmente escrito em polonês e traduzido para o inglês pelo próprio autor e Lillian Vallee.

Encounter

We were riding through frozen fields in a wagon at dawn.
A red wing rose in the darkness.

And suddenly a hare ran across the road.
One of us pointed to it with his hand.

That was long ago. Today neither of them is alive,
Not the hare, nor the man who made the gesture.

O my love, where are they, where are they going?
The flash of a hand, streak of movement, rustle of pebbles.
I ask not out of sorrow, but in wonder.

Wilno, 1936

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