de uma vida que é tão complicada quanto a de todo mundo,
batalhando por equilíbrio, equilibrando o tempo.
O relógio de lareira que foi do meu avô
parou às 9:20; não tivemos tempo
de conserta-lo. O pêndulo de bronze está imóvel,
os sinos não soam. Um dia eu olho pela janela,
verde verão, no outro, as folhas já caíram
e um céu cinza baixa no horizonte. Nossos filhos quase crescidos,
nossos pais se foram, aconteceu tão rápido. Diariamente, devemos aprender
novamente como amar, entre o célere café da manhã
e o demorado regresso da noite. Sobe o vapor de uma panela de sopa,
mesclando-se ao cheiro fermentado de pão de forno. Nossos corpos
se enroscam, e o grande cão preto pressiona sua grande cabeça entre eles;
sua cauda, um metrônomo, compasso ternário. Nós nunca chegaremos lá,
o Tempo está sempre à nossa frente, correndo pela praia, impelindo-
nos a ir mais rápido, mais rápido, mas, às vezes, despimo-nos de nossos relógios,
às vezes deitamos na rede, aprisionados entre a malha
de corda e a rede de estrelas, suspensos, enredados
no amor, esgotando o tempo.
Trad.: Nelson Santander
In the Middle
of a life that’s as complicated as everyone else’s,
struggling for balance, juggling time.
The mantle clock that was my grandfather’s
has stopped at 9:20; we haven’t had time
to get it repaired. The brass pendulum is still,
the chimes don’t ring. One day I look out the window,
green summer, the next, the leaves have already fallen,
and a grey sky lowers the horizon. Our children almost grown,
our parents gone, it happened so fast. Each day, we must learn
again how to love, between morning’s quick coffee
and evening’s slow return. Steam from a pot of soup rises,
mixing with the yeasty smell of baking bread. Our bodies
twine, and the big black dog pushes his great head between;
his tail, a metronome, 3/4 time. We’ll never get there,
Time is always ahead of us, running down the beach, urging
us on faster, faster, but sometimes we take off our watches,
sometimes we lie in the hammock, caught between the mesh
of rope and the net of stars, suspended, tangled up
in love, running out of time.
[…] 25. Barbara Crooker – No meio […]
CurtirCurtir