Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono – Trad.: José Agostinho Baptista
Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,
Dormitando junto à lareira, toma este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar
Que outrora tiveram teus olhos, e com as suas sombras profundas;
Muitos amaram os momentos de teu alegre encanto,
Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou tua alma peregrina,
E amou as mágoas do teu rosto que mudava;
Inclinada sobre o ferro incandescente,
Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou
E em largos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.
Quando fores velha e triste e cansada – Trad.: Adriano Nunes
Quando fores velha e triste e cansada,
E em ordem co’ o fogo, pega este livro
E lê lentamente, e lembra o olhar vivo
Que tinhas, e da sombra aprofundada.
Amaram-te dias de graça grácil,
E teu fulgor co’ amor falso ou sincero,
Mas amou-te um ser n’alma o destempero,
E as mágoas da tua face volátil.
E curvando-te à grade incandescente,
Murmura, amarga, como o amor fugiu
E seguiu monte acima, a subir sempre
E a face em grupos d’astros encobriu.
Quando velha e grisalha e exausta – Trad.: Paulo Vizioli
Quando velha e grisalha e exausta, ao fim do dia,
tu cabeceares junto ao fogo, vem folhear
lentamente este livro, e lembra o doce olhar
e as sombras densas que nos olhos teus havia.
Quantos, com falsidade ou devoção sincera,
amaram-te a beleza e graça de menina!
Um só, porém, amou tua alma peregrina,
e amou as dores desse rosto que se altera.
E junto às brasas, inclinando-se sobre elas,
murmura, um pouco triste, como o amor distante
passou por cima das montanhas adiante,
e escondeu sua face entre um milhão de estrelas.
Quando estiveres grisalha e com sono – Trad.: Jorge Wanderley
Quando estiveres grisalha e com sono,
Dormitando ante o fogo, lê meu livro
Bem lentamente e lembra o sensitivo
Olhar que tinhas de suave abandono.
Muitos amaram tuas alegrias,
Tua beleza; mas só num culmina
O amor por tua alma peregrina
E a mágoa que teu rosto pressentia.
Reclina-te ante as chamas; e ao vê-las
Lamentes, triste Amor – que te deixou
Pelos montes mais altos que encontrou
E o rosto disfarçou entre as estrelas.
When you are old
When you are old and grey and full of sleep,
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;
How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.