Jorge Valdés Días-Vélez – O olival

Não direi a oração que se pronuncia
em outras ocasiões como esta.
Eu vim para enterrar-te. E o meu silêncio
é o outro lugar para onde foste.
Porque não há mais verdade do que a tua memória
e nada a dizer que tu não saibas.
Talvez alguma imagem te restitua
a sombra original, a água de jarro
nos lábios de tua sede, talvez as flores
que incendiavam o quarto com luz pura,
a evocação teimosa de suas corolas
atrás de uma janela, entre as linhas
de Ungaretti ou Cernuda que esquecemos.
Mas tudo é real e é diferente
o ar que aqui respiro, tão fora
de tua respiração e suas raízes. Amanhã
irão ligar e com certeza
alguém dirá que não, que ainda não chegaste.
Seguirá o vale cinzento com suas oliveiras
secando ao sol como se nada
tivesse continuação, e será em vão
que perguntem por ti. Tu terás partido.

El olivar

No diré la oración que se pronuncia
en otras ocasiones como ésta.
Yo he venido a enterrarte. Y mi silencio
es el otro lugar a donde has ido.
Porque no hay más verdad que tu memoria
y nada por decir que no conozcas.
Acaso alguna imagen te devuelva
la sombra original, agua de jarro
en labios de tu sed, tal vez las flores
que incendiaban la estancia con luz pura,
la terca evocación de sus corolas
detrás de un ventanal, entre las líneas
de Ungaretti o Cernuda que olvidamos.
Pero todo es real y es diferente
el aire que respiro aquí, tan fuera
de tu aliento y sus raíces. Mañana
llamarán por teléfono y seguro
alguien dirá que no, que no has llegado.
Seguirá el valle gris con sus olivos
resecándose al sol como si nada
tuviera sucesión, y será en vano
que pregunten por ti. Tú habrás partido.

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