Ouvir, ouvir de noite uma ambulância,
E desejar que estejas a morrer;
Fechar a porta à minha própria infância;
Amigos, conhecidos, nem os ver;
Quebrar nas mãos o aro da esperança;
Mas de mim para mim depois dizer:
“Calma! Quem nada espera tudo alcança…”;
E guardar o revólver; e beber,
A sós, o vinho que na taça baste
A recompor-te, viva, na distância:
Isto foi, como herança, o que deixaste.
E ainda o mais que não te quis dizer:
Ouvir, ouvir de noite uma ambulância,
E desejar ser eu quem vai morrer…