A bengala, as moedas, o chaveiro,
a fechadura dócil, as tardias
notas que não lerão os poucos dias
que me restam, o naipe, o tabuleiro,
um livro e dentro dele a emurchecida
violeta, monumento de uma tarde
por certo inesquecível já esquecida,
o rubro espelho ocidental em que arde
uma aurora ilusória. Quantas coisas,
atlas, limas, umbrais, taças e cravos
nos servem como tácitos escravos –
cegas e estranhamente sigilosas.
Durarão muito mais que nosso olvido,
não saberão quando tivermos ido.
