Memórias que me Observam
Manhã de Junho, cedo demais para acordar,
tarde demais para adormecer.
Tenho de sair – é densa a folhagem das
memórias, perseguem-me com o seu olhar.
Não se deixam ver, misturam-se todas
com o fundo, verdadeiros camaleões.
Tão perto estão que as ouço respirarem
aqui onde o canto do pássaro ensurdece.
Trad.: José Eduardo Reis
As recordações olham para mim
Uma manhã de Junho quando ainda é cedo para acordar
mas demasiado tarde para voltar a pegar no sono.
Embrenho-me pelo arvoredo repleto de recordações
e elas seguem-me com os seus olhares.
Autênticos camaleões, elas não se mostram,
diluem-se literalmente no cenário.
E embora o gorjeio dos pássaros seja ensurdecedor,
estão tão perto de mim que ouço como respiram.
Trad.: Alexandre Pastor
REPUBLICAÇÃO: poema publicado no blog originalmente em 05/01/2018
MINNENA SER MIG
En junimorgon då det är för tidigt
att vakna men för sent att somna om.
Jag måste ut i grönskan som är fullsatt
av minnen, och de följer mig med blicken.
De syns inte, de smälter helt ihop
med bakgrunden, perfekta kameleonter.
De är så nära att jag hör dem andas
fast fågelsången är bedövande.