Stephen Dunn – Ignorância

O sonho antigo de voar se tornou realidade
e eu olho para cima, sem espanto.
Por que não cai?
Uma pergunta de criança que eu não sei responder.
Eu visto minha ignorância naquilo que eu sei.
Uma vez houve pterodátilos, eu digo.
Uma vez o céu era presságios e pássaros.

Ele é imenso e diminuto e tão alto
que não emite nem um som.
Se fosse para lançar bombas, se por sorte
uns poucos de nós fôssemos salvos
e tivéssemos que começar de novo, eu não teria nada
para o sofrimento além de palavras.

Digo à minha filha
que estive lá em cima, no céu,
mas nós dois não ficamos impressionados.
Ela viu Star Wars. E eu já não
peço mais um lugar à janela.
Diante de um voo, eu penso na morte.
Não direi isso a ela

como não lhe direi que a casa
é a sua caverna e eu o homem peludo que retorna
toda noite, frequentemente atônito e confuso.

Trad.: Nelson Santander

Ignorance

The ancient dream of flying has come true
and I look up, unamazed.
Why doesn’t it fall?
A child’s question I can’t explain.
I dress my ignorance in what I know.
Once there were pterodactyls, I say.
Once the sky was guesswork and birds.

It’s immense and small, so high
it isn’t making a sound.
If it were to drop bombs, if by luck
a few of us were saved
and had to start again, I’d have nothing
for the pain but words.

I tell my daughter
I’ve been up there, in the sky,
but both of us are unimpressed.
She’s seen Star Wars. And I no longer
ask for a window seat.
Faced with flying, I think of death.
I will not tell her this

as I will not tell her the house
is her cave and I the hairy man who returns
each night, often speechless and confused.

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