Os dias a amontoar-se
como se rumo a um sentido,
algo que se assemelhasse
a uma meta, ou um destino,
mas formando (sem sabê-lo,
claro — o que sabem os dias?)
uma estrutura em relevo,
espécie de marchetaria,
com padrão indecifrável
(por não seguir um projeto),
mas assim mesmo um resguardo,
um remédio contra o medo
de nada haver — nem padrão,
nem projeto, nem destino
no mundo, nada senão
o amontoar-se dos dias
REPUBLICAÇÃO: poema publicado no blog originalmente em 04/01/2017