no espelho do banheiro
não me reconheço
por vezes
vejo
todo mundo
percorro esse rosto
pouco
tateio
o mole dos
olhos o mármore dos
dentes o quente das
parcas narinas
lentamente me
asseguro:
estou viva
ainda
os fios já passam do pescoço
percebo
meu cabelo cresceu
o dos mortos também cresce
um pouco
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Publicado por Nelson Santander
Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
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