Blas de Otero – Ímpeto

Mas nem tudo há de ser ruína e vazio
E nem tudo escombro ou descongelação.
Por cima deste ombro levo o céu,
e por cima deste outro, um vasto rio

de entusiasmo. E meu corpo no meio,
árvore luzente gritando do chão.
E, entre raízes mortais, sofreguidão,
meu coração desperto, raio sombrio.

Somente o anseio me vence. Mas avanço
sem duvidar, sobre abismos infinitos,
com a mão estendida: se não alcanço

com minha mão, hei de alcançar com gritos!
e sigo, sempre, de pé, e assim, me lanço
às águas dos apetites que habito.

Trad.: Nelson Santander

Ímpetu

Mas no todo ha de ser ruina y vacío.
No todo desescombro ni deshielo.
Encima de este hombro llevo el cielo,
y encima de este otro, un ancho río

de entusiasmo. Y, en medio, el cuerpo mío,
árbol de luz gritando desde el suelo.
Y, entre raíz mortal, fronda de anhelo,
mi corazón en pie, rayo sombrío.

Sólo el ansia me vence. Pero avanzo
sin dudar, sobre abismos infinitos,
con la mano tendida: si no alcanzo

con la mano, ¡ya alcanzaré con gritos!
y sigo, siempre, en pie, y así, me lanzo
al mar, desde una fronda de apetitos.

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