Abro o guarda-chuva
e é um sol escuro.
Manhã de São João.
O asfalto reluz como uma língua suja
e as gotas de chuva
soam como mosquitos contra o vidro do carro.
Atravesso a rua,
só me cruzo com desconhecidos.
Quantas vezes parado num semáforo,
no balcão de um bar
ou numa livraria
não teremos coincidido com alguém que mais tarde
se converteu em amigo ou talvez em amor.
Reflicto-me na água das poças.
Não me dou por vencido:
Também para a dor existem limites.
Trad.: Manuel de Freitas