A vida foge e não recua um passo
E a morte, em grande marcha, vai em frente;
As coisas do passado e do presente,
Ao futuro reclamam meu espaço.
A jornada que nesta vida eu traço
Na espera e na lembrança inutilmente,
Por pena de mim mesmo descontente
Este caminho que ora fiz, desfaço.
Se à lembrança me vem algum desejo
Do peito que a alegria abandonou,
Ao navegar em alto mar eu vejo
O porto onde meu barco desistiu,
A nave que lá fora naufragou
E o fogo que dos olhos teus fugiu.
Trad.: Afonso Teixeira Filho