Zulmira Ribeiro Tavares – Após o inverno

Desarrumação em setembro. O vento batendo as portas e a floração rebentando nas cercas vivas. O céu por vezes de terracota bem acima das cabeças, mas também finas agulhas de gelo imiscuindo-se pelas frinchas, noite alta. Era em São Paulo. Então se entende: o mato bravo torcido pela chuva, o prédio em demolição pingando água salobra. Queimação e calafrio na matriz dos sonhos. Com o coração nas mãos você em vão corre atrás de uma promessa antiga de calendário — de quatro estações arrumadas como quatro ovos em um cesto, cada ovo uma cor, quatro anúncios de vida própria e diversa chegando cada uma por vez, a seu tempo — paulistano; insensato.

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