“Olhei para o céu, através da fumaça espessa com gordura humana, e Deus não estava lá. A fria, sufocante escuridão persiste para sempre e estamos sozinhos. Vivemos nossas vidas, por falta de algo melhor para fazer. Inventamos um motivo depois. Nascemos do esquecimento; temos filhos, destinados ao inferno como nós, caímos no esquecimento. Não há nada mais.
A existência é aleatória. Não há um padrão, exceto aquele que imaginamos após contemplá-la por tempo demais. Nenhum significado, exceto aquele que escolhemos impor. Este mundo sem direção não é moldado por vagas forças metafísicas. Não é Deus quem mata as crianças. Não é a sorte que as esquarteja ou o destino que as dá de comer aos cães. Somos nós. Só nós. As ruas fediam com o fogo. O vazio respirava pesado em meu coração, vertendo minhas ilusões em gelo, despedaçando-as. Renasci nesse momento, livre para rabiscar meu próprio padrão neste mundo moralmente vazio.”
in Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons