Retrospectiva 2022

Segue abaixo uma relação dos melhores poemas publicados no blog no ano de 2022, em ordem cronológica pelo mês de postagem. Eu pretendia limitar a retrospectiva a um total de 50 textos, mas isso não foi possível. O ano foi fértil e tive a felicidade de traduzir e publicar muita coisa boa este ano, em número que supera o limite autoimposto. Paciência.

Dos internautas, espero, resignado, que apreciem a seleção. De mim mesmo, pretendo continuar com o blog no ano que vem. Minha motivação é que este é um hobby que pratico com enorme prazer e, por ora, não pretendo abandona-lo. Mas não só.

O constante aumento do número de internautas que visitam a página – o que vem ocorrendo ano após ano – é um estímulo a mais. E se tudo isso vier acompanhado de feedbacks sinceros dos internautas, melhor ainda. Portanto, amigos, sempre que puderem, comentem. Prometo não deixar ninguém sem resposta.

Feliz 2023 a todos!

1. William Ernest Henley - Invictus

No meio da noite que me abraça,
Negra como um Poço em sua inteireza,
Agradeço a cada Deus pela graça
De minha invencível natureza. (...)
2. Robyn Sarah – Ao fechar o apartamento dos meus avós de abençoada memória

E então eu me vi naquela sala pela vez final.
Mantive-me firme, com a chave em minha mão,
e ouvi o silêncio que era como um som,
e percebi como o longo sol da tarde invernal
baixava de maneira oblíqua ao chão
fazendo florir os veios do assoalho. (Tudo o que eles um dia
possuíram estava guardado aqui.) Na janela gemia
um estilhaço de vento. Em breve eu partiria. (...)
3. Agi Mishol – A mártir

Você tem apenas vinte anos
e sua primeira gravidez é uma bomba.
Sob sua folgada saia você está grávida de dinamite
e fragmentos de metal. É assim que você entra no mercado
tiquetaqueando entre as pessoas, você, Andalleb Takatka. (...)
4. Heather McHugh – O que ele pensou

Teríamos que fazer um trabalho na Itália
e, repletos dos nossos sentimentos por
nós mesmos (nossa sensação de sermos
Poetas da América) fomos
de Roma a Fano, conhecemos
o prefeito, refletimos
sobre alguns assuntos (o que é
uma piriguete, eles nos perguntaram; o que é
cerveja sem colarinho). (...)
5. Ósip Mandelstam – O ar foi todo bebido e o pão, corrompido…

O ar foi todo bebido e o pão, corrompido.
Cicatrizar as feridas é tão custoso!
O jovem José, ao Egito vendido,
Não poderia estar mais desgostoso! (...)
6. Reginald Gibbons – O que remanesce

Sim, o pão está envenenado. E não há sequer um gole de ar.
Como é difícil curar a ferida da vida.
O próprio José, vendido ao Egito como escravo,
não poderia ter ficado mais profundamente magoado. (...)
7. Jorge Valdés Díaz-Vélez – Polaroide

São sete contra a parede, em pé, e um sentado.
Mal conservam os traços desbotados
pelos anos. Os rostos resistem ao desgaste,
embora já não possuam as cores vivas
que ontem os distinguiram. (...)
8. Nicholas Christopher – Terminus

Eis uma leitura obrigatória
no final do nosso século
o final de um milênio que começou com as cruzadas

A transcrição de uma entrevista
entre um médico da Cruz Vermelha
e uma menina muçulmana de doze anos
na Bósnia
que descreveu os estupros que sofreu nas mãos de homens
que se autodenominavam soldados (...)
9. Ada Limón – Estrelas mortas

Aqui fora, até as árvores se curvam.
A mão gelada do inverno nas costas de todos nós.
Casca escura, folhas amarelas escorregadias, uma espécie de quietude
tão silenciosa que é quase de outra era. (...)
10. Robert Frost – Nada que é de ouro pode permanecer

No mundo, o ouro é o verde elementar,
Sua matiz mais difícil de conservar.
A flor é a sua inaugural semente;
Não obstante por um instante somente. (...)
11. Mary Oliver – A serpente negra

Foi quando a serpente negra
apareceu na estrada de manhã,
e o caminhão não conseguiu desviar –
morte, é assim que acontece. (...)
12. Wendell Berry – A cobra

No final de outubro
encontrei no chão da floresta
uma pequena cobra cujas costas
tinham o padrão da escuridão
das folhas mortas em que ela estava deitada. (...)
13. Marie Howe – O que os vivos fazem

Johnny, a pia da cozinha está entupida há dias, algum utensílio provavelmente caiu lá embaixo. E o Drano não está resolvendo mas cheira perigosamente, e a louça incrustada se amontoou

esperando pelo encanador que eu ainda não chamei. Este é o dia a dia de que falávamos. (...)
14. Ted Kooser – Voo noturno

Sobre nós, estrelas. Sob nós, constelações.
A cinco bilhões de milhas de distância, uma galáxia morre
como um floco de neve desfazendo-se na água. (...)
15. Juan Vicente Piqueras – Sai de ti

Não fujas do que sentes. Não te escondas
no que dizes. Não digas mentiras.
Sê tua voz. Faz. Trabalha. Não te queixes.
Não sofras por medo de sofrer mais. (...)
16. Linda Pastan – Considere o espaço entre as estrelas

Considere o espaço branco
entre as palavras em uma página, não só
as margens em torno delas.
Ou o espaço entre pensamentos:
os instantes em que a mente está inventando
exatamente o que pensa
e a boca espera
para ser preenchida com linguagem. (...)
17. Nickole Brown – Susto

Deixe-me dizer-lhe — nenhum animal de longe é o mesmo
que de perto. Ou seja, uma baleia em uma revista pode
parecer majestosa e livre, mas o que você não vê é
quão perto da superfície ela adormece,
como a luz a empola deixando-a em carne viva e como
as gaivotas rasgam sua pele queimada pelo sol, alçando ao ar
os bicos repletos de sua carne orgulhosa. (...)
18. David Whyte – O verdadeiro amor

Há fé em amar ferozmente
aquele que é seu por direito,
especialmente se você
esperou por anos e especialmente
se parte de você nunca acreditou
que poderia merecer esta
amada mão acenando
estendida para você desta forma. (...)
19. Linda Pastan – Estou aprendendo a abandonar o mundo

Estou aprendendo a abandonar o mundo
antes que ele acabe me abandonando.
Já desisti da lua
e da neve, fechando minhas cortinas
contra as reivindicações do branco.
E o mundo levou
meu pai, meus amigos. (...)
20. Billy Collins – O desfile

Que emocionante foi marchar
ao longo das grandes avenidas
debaixo do clarão das trombetas
e sob todas as bandeiras tremulantes —
a bandeira da ambição, a bandeira do amor. (...)
21. Anne Sexton – Para um amigo que alcançou o sucesso no trabalho

Considere Ícaro, colando aquelas asas viscosas,
experimentando aquele estranho puxão em suas omoplatas,
e pense naquele primeiro impecável momento sobre o gramado
do labirinto. Pense em como isso fez diferença! (...)
22. Sharon Olds – A corrida

Quando cheguei no aeroporto, corri até o guichê,
comprei uma passagem, dez minutos depois
me disseram que o voo tinha sido cancelado, os médicos
tinham dito que meu pai não sobreviveria àquela noite
e o voo fora cancelado. (...)
23. Ada Limón – Instruções para não desistir

Mais do que os funis fúcsia rompendo
da macieira, mais do que a exibição quase
obscena dos galhos da cerejeira do vizinho enfiando
suas flores cor de algodão doce no céu ardósia
das chuvas de primavera, é o verdejar das árvores
que realmente me comove. (...)
24. Cynthia Huntington – O arrebatamento

Lembro-me de estar na cozinha, misturando ossos para a sopa,
e de que, naquele momento, me tornei outra pessoa.

Era uma noite de início de primavera, o ar da Califórnia estava ameno.
Lá fora, o eucalipto se curvava compulsivamente

sobre o trailer do vizinho, estacionado na entrada da garagem.
A rua estava tranquila, pra variar, e todas as janelas estavam abertas.

Então, meu braço direito formigou, uma palpitação começou sob a pele. (...)
25. Henry Wadsworth Longfellow – Casas assombradas

Todas as casas onde homens viveram e morreram
São casas mal-assombradas. Pelo aberto portão
As inofensivas almas, em suas tarefas, pairam,
Com pés que quase nenhum ruído produzem no chão. (...)
26. Victoria Kennefick – Monte submarino

Da areia, você aponta onde ficava a loja,
os correios, o bar;
você me conta que caminhou até o vilarejo quando menino
para ficar nas esquinas, farejar o ar salgado. (...)
27. Laura Gilpin – O bezerro de duas cabeças

Amanhã, quando os garotos da fazenda encontrarem esta
aberração da natureza, eles embrulharão seu corpo
em jornal e o levarão para o museu. (...)
28. Gabrielle Calvocoressi – Sinto a sua falta. Gostaria de dar um passeio com você.

Não importa se você acabou de chegar em seu esqueleto.
Adoraria dar um passeio com você. Sinto a sua falta.
Adoraria preparar um camarão saganaki para você.
Como você costumava me fazer quando estava viva. (...)
29. Sahar Romani – Tarde na Andaluzia

E por que a geometria não seria igual à divindade

1000 + 1 + 1 + 1 O que é a fé

senão a confiança no uno & infinito (...)
30. Sean Thomas Dougherty – Por que se importar?

Porque agora há alguém

lá fora (...)
31. Ada Limón – Viaduto

A estrada não era tão perigosa na época,
quando eu caminhava até a mureta de aço,
inclinava meu corpo flexível de menina, e contemplava
a água fria do riacho. (...)
32. Robert Hayden – A nevasca

Incapaz de dormir ou rezar, permaneço
ao lado da janela olhando para
as aluadas árvores envergadas pelo gelo
de uma tempestade de dezembro. (...)
33. Alan Jenkins – Pertences

Segurei a mão dela, que estava sempre marcada
Por cortar, fatiar, pelas facas que estavam à espreita
No lavatório, mão mal-acabada,
Os nós avermelhados dos dedos, ásperos de esfregar com força
panelas, frigideiras, xícaras e pratos,
Dando amor do único jeito que ela sabia, (...)
34. Stanley Plumly – Rinoceronte branco

O último da minha espécie, um dos últimos apreciadores das flores
e da grama das pastagens do norte, e certamente
um dos poucos habilitados a esfregar as costas no baobá
e no carvalho centenário que ainda sobrevive no quintal. (...)
35. Ada Limón – O que eu não sabia antes

era como os cavalos simplesmente davam à luz outros
cavalos. Não um bebê de qualquer jeito, não
uma criatura de espaços limiares, mas um animal
de quatro patas decidido a andar, correndo atrás
da mãe. (...)
36. Anne Sexton – Coragem

É nas pequenas coisas que a vemos.
O primeiro passo da criança,
tão espantoso quanto um terremoto.
A primeira vez que você andou de bicicleta,
chafurdando na calçada. (...)
37. Rosanna Warren – Comparação

Como quando seu amigo, excelente esquiador austríaco, na história
que ela sempre nos contava, teve que encarar
seu primeiro salto olímpico de esqui (...)
38. Annie Dillard – Como consumimos nossos dias

Como consumimos nossos dias
é, evidentemente,
como consumimos nossas vidas. (...)
39. Mary Oliver – Pesado

Naquela época
Eu pensei que não poderia
me aproximar mais da dor
sem morrer

eu me aproximei
e não morri. (...)
40. Alberto Ríos – Coelhos e fogo

Tudo já foi dito
Menos uma última coisa – terrível – sobre o
Deserto: (...)
41. Lynn Emanuel – Minha vida

Como Jonas pelo peixe, eu fui por ela recebida,
revirada e varrida por suas águas escuras,
por ela conduzida para as profundezas e para além de incontáveis rochas. (...)
42. Billy Collins – A vida após a morte

Enquanto você se prepara para dormir, escovando os dentes,
ou folheando uma revista na cama,
os defuntos do dia estão iniciando sua jornada. (...)
43. Andrea Cohen – O comitê avalia

Digo à minha mãe que
ganhei o Prêmio Nobel.

De novo? ela diz. Em qual
categoria desta vez? (...)
44. Sylvia Plath – Estrelas sobre a Dordonha

Estrelas caem densas como rochas na linha
Enfolhada de árvores cuja silhueta é mais escura
Do que o breu do céu porque não tem estrelas. (...)
45. Roderick Ford – Giuseppe

Meu tio Giuseppe me contou
que na Sicília, durante a 2ª Guerra Mundial,
no pátio atrás do aquário,
onde a buganvília crescia tão bem,
a única sereia cativa do mundo
foi esquartejada no solo seco e empoeirado
por um médico e um peixeiro, dentre outros. (...)
46. Brigit Pegeen Kelly – Canção

Ouça: havia uma cabeça de cabra suspensa por cordas em uma árvore.
Por toda noite ela ficou lá pendurada e cantou. E aqueles que a ouviram
Sentiram um aperto em seus corações e pensaram que estavam ouvindo
O canto de uma ave noturna. Eles se sentaram em suas camas e depois
Se deitaram novamente. (...)
47. Garrett Hongo – Mendocino Rose

Na Califórnia, ao norte da Golden Gate,
a vinha cresce por quase todos os cantos,
brotando de pastagens,
de baixo das sombras dos eucaliptos
à beira da estrada,
ultrapassando todos os casebres fantasmas e cercas quebradas
que se desintegram de podres,
encharcadas pelas chuvas frescas. (...)
48. Alison C. Rollins – Para quem me lê agora

Você é invulnerável.
A única constante é a mudança.
Tal repetição leva à nostalgia
do presente. Tenso e tímido
você recita este livro de cor. Às
cegas, você me confia à memória. (...)
49. Tyree Daye – Rio Neuse

Diga-lhes para não irem
à orla sozinhos.

Diga-lhes onde
podem beber

sem precisar olhar
por cima dos ombros. (...)
50. John Murillo – Variações sobre um tema de Elizabeth Bishop

Comece com a perda. Perca tudo. Então perca tudo outra vez.
Perca uma boa mulher em um dia ruim. Encontre uma mulher melhor,
e depois perca cinco amigos correndo atrás dela. Aprenda a perder como se
sua vida dependesse disso. Aprenda que sua vida depende disso. (...)
51. Timothy Liu – Os restos

Saindo do novo cemitério, meu pai
pegou a minha mão, tendo acabado de reenterrar os restos
mortais de seu próprio pai e suas duas esposas —
sua mãe morrera de tuberculose quando ele tinha dez anos. (...)
52. Linda Pastan – Chegamos ao silêncio

Chegamos ao silêncio lentamente. Trazidos ao mundo
em uma onda de som
deixamo-lo mais tarde de bocas fechadas,
nossas grandes línguas pesadas
como pedras para nos ancorar
na terra. (...)
53. Faith Shearin – Cinzas, cinzas

O inverno é a morte pela qual todos temos esperado.
Mesmo nas Festas, em que o ano novo é louvado,
os galhos se quebram sob o peso da neve. (...)
54. Juan Vicente Piqueras – O barbeiro

Nos últimos meses, olhava-se no espelho
e via um intruso. Irritava-se com ele.

Já estás aqui outra vez? Será possível?
Sai daqui agora mesmo.
Para a rua, vagabundo, dizia-lhe. (...)
55. Javier Salvago – Canção para esse dia

Agora sim
já se vê
o porvir.
Agora sim
é o fim
que está aqui. (...)
56. Matthew Sweeney – Crucificação

Eu cozinhava uma beterraba quando a campainha tocou.
‘Quem será a essa hora?’, murmurei, marchando
para a porta. Quando a abri, o sol brilhava
tanto que só vi silhuetas, mas discerni
que pairava sobre tudo uma grande cruz preta. (...)
57. Jack Gilbert – Fracasso e voo

Todo mundo esquece que Ícaro também voou.
É a mesma coisa quando o amor chega ao fim,
ou o casamento fracassa e as pessoas falam
que sabiam que aquilo era um erro, que 
nunca daria certo. Que ela tinha
idade suficiente para sabê-lo. Mas qualquer coisa
que valha a pena fazer, deve ser feita com seriedade. (...)
58. Jaime Manrique – O céu sobre a casa de minha mãe

É uma noite de julho
perfumada com gardênias.
Brilham a lua e as estrelas
sem revelar a essência da noite.
Ao longo do crepúsculo
— com suas gradações cada vez mais intensas de ônix,
e o resplendor dourado das estrelas e das sombras —
minha mãe arrumou a casa, o jardim, a cozinha. (...)
59. Philip Larkin – A casa está tão triste

A casa está tão triste. Ficou como foi deixada,
Moldada para o conforto dos últimos saintes
Querendo reconquista-los. Ao invés, despojada
De alguém para agradar, ela definha assim, carente
De um coração para esquecer que foi roubada (...)
60. Eavan Boland – Atlântida – Um soneto perdido

Como diabos aconteceu, eu costumava me perguntar,
de uma cidade inteira – arcos, pilares, colunatas,
isso sem falar nos veículos e animais – ter-se,
um belo dia, afundado? (...)
61. Eiléan Ni Chuilleanéin – A serenata de Hofstetter

Senti a corrente de ar há pouco, enquanto digitava os números –
a data de sua morte, ocorrida há vinte e cinco anos;
estamos em maio, mas a noite clara está ficando mais fria,
o denso fardo se abriu e a dor se disseminou
ao longo desses anos desconhecidos para ela (...)
62. Kerry Hardie – Navio da morte

Observando-a, pela primeira vez,
virar-se para preparar o seu barco, minha mãe;
quando ficou claro que você tinha outros assuntos agora —
os assuntos do seu futuro —
fui inundada pela raiva. (...)
63. Ellen Bass – Miniantologia Poética – Sumário

Uma pequena antologia dos incríveis poemas de Ellen Bass que traduzi para o blog, organizada em ordem (mais ou menos) cronológica.
64. Matt Rasmussen – Suicídio reverso

O cara para quem papai vendeu o carro
volta para buscar o dinheiro dele,

sai do veículo. Com trapos imundos
nós o esfregamos até que deixe de brilhar

e limpamos o seu sangue das
costuras do assento. (...)
65. Louis Macneice – O observador de estrelas

(...) E a esta lembrança agora eu acrescento que a
Luz que então deixou alguns deles pelo menos,
Quarenta e dois anos atrás, nunca chegará
A tempo de eu captura-la, que a luz quando
Aqui chegar pode descobrir que não resta
Mais ninguém vivo (...)
66. Billy Collins – Pardal de Natal

A primeira coisa que ouvi esta manhã
foi um rápido bater de asas, suave, insistente —

asas contra o vidro, como pude descobrir
lá embaixo, quando vi o pequeno pássaro
amotinando-se contra a esquadria de uma
janela alta, tentando lançar-se através
do enigma do vidro para a vasta luminosidade (...)
67. Kenneth Rexroth – Música de Alaúde

A Terra vai durar por muito tempo
Antes de finalmente congelar;
Os homens nela estarão; receberão nomes,
Justificarão seus atos.
Já nós estaremos aqui somente
Como componentes químicos —
Na verdade, uma pequena franquia (...)
68. Wanda Coleman – Uma conversa com meu neto de seis anos de idade

há uma tempestade cósmica sempre que ele está em minha órbita
cinco raças em guerra fora do tempo, aprisionadas

em um corpo alto e petulante, joelhos e cotovelos ossudos

os ensinamentos rigorosamente amorosos da mãe e do pai criam
raízes a despeito da engenharia de mídia e da pressão dos amigos (...)

Clique aqui e veja também a Retrospectiva do ano de 2021