Não há nada mais triste
do que um cão em guarda
ao cadáver do seu dono.
Eu não tenho cão.
Será que ainda estou vivo?
data da última gravação: 8/10/98, 17h09
Na “Apresentação” de Socráticas – obra da qual foi extraído o poema acima – Alfredo Bosi esclarece:
As Socráticas, publicadas postumamente, soam como um recado joco-sério aos que ficaram, e que são convidados (como queria o primeiro dos filósofos) a aprender a morrer com a mesma dignidade dos que souberam viver. “Dúvida” é um poema encontrado por Dora [esposa de José Paulo Paes] no computador do poeta. Sabe-se que foi composto na véspera de sua morte. Pronto e perfeito como tudo o que saía de suas mãos. Avulso embora, o poema convém no espírito e na letra ao corpo destas Socráticas. Daí, a justeza da sua inclusão no livro derradeiro de José Paulo Paes.