Girando em círculos sempre maiores
Já não ouve o falcão ao falcoeiro;
Tudo desaba; o próprio centro hesita;
Livre, a anarquia reina sobre o mundo,
Livre a maré sanguinolenta: em tudo
Se afogam os rituais da inocência;
Os melhores vacilam e os piores
À intensidade passional se entregam.
Na certa algo de novo se anuncia,
Eis que a Segunda Vinda se anuncia,
A Segunda Vinda! E eu nem bem falara
E enorme imagem do Spiritus Mundi
Perturbou-me a vista: em algum deserto
Uma forma entre homem e leão,
De olhar vazio e cruel como o sol
Move as coxas lentas, enquanto em torno
Vacilam as sombras de irados pássaros.
Retorna a escuridão; mas eu já sei
Que vinte séculos de sono pétreo
Ao pesadelo os embala este berço;
E que bicho rude, chegada a hora,
Rasteja até Belém para nascer?
Trad.: Jorge Wanderley