Linda Pastan – Depois

Depois do mês
na Sicília,
a orla do oceano se desenrolando
em torno de nossos próprios
joelhos vulcânicos;
depois das ameixas escuras
que pulsavam como corações de contos de fadas
no cesto do lenhador;
da viagem nos braços de outro
onde éramos inocentes
como turistas
visitando paisagens familiares
pela primeira vez,

voltamos
para nossas antigas vidas
como para um monte de roupas
que deixamos no armário,
e, ou elas encolheram,
ou nós engordamos
com o creme espesso
da comodidade.
Mas logo nossos velhos pertences
clamam
como artefatos
que ainda não devem ser enterrados.
Somos reivindicados

por nossas louças, pela necessidade delas
de serem lavadas e secas
e guardadas;
por nosso colchão que, como uma esposa complacente,
se moldou
aos nossos corpos não esquecidos.
E na beira do gramado
nossas mortes nos esperam como animais domésticos.
Elas estiveram lá o tempo todo,
pacientes e amorosas.
Devemos nos apressar
ou poderemos perdê-las
na escuridão crescente.

Trad.: Nelson Santander

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After

After the month
in Sicily,
the ocean’s edge unravelling
around our own
volcanic knees;
after the dark plums
that throbbed like fairy-tale hearts
in the woodsman’s basket;
the voyage in another’s arms
where we were innocent
as tourists
visiting familiar landscapes
for the first time

we come back
to our old lives
as to a heap of clothes
we have left in our closet,
and either they have shrunk
or we have grown fat
on the risen cream
of ease.
But soon our old possessions
cry out
like artifacts
not to be buried yet.
We are claimed

by our dishes, by their need
to be washed and dried
and put away;
by our mattress which like a pliant wife
has shaped itself
to our remembered bodies.
And at the edge of the grass
our deaths wait like domestic animals.
They have been there all along,
patient and loving.
We must hurry
or we may miss them
in the swelling dark.

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