José Emílio Pacheco – Crianças e adultos

Aos dez anos, acreditava
que o mundo era dos adultos.
Podiam fazer amor, fumar, beber à vontade,
ir aonde quisessem.
Sobretudo, nos esmagar com seu poder indomável.

Agora sei, por vasta experiência, o lugar-comum:
em verdade, não há adultos,
apenas crianças envelhecidas.

Desejam o que não têm:
o brinquedo do outro.
Sentem medo de tudo.
Obedecem sempre a alguém.
Não governam a própria existência.
Choram por qualquer motivo.

Mas não são valentes como eram aos dez anos:
fazem-no à noite e em silêncio e sozinhos.

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO: poema originalmente publicado na página em 01/03/2020

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Niños y adultos

A los diez años creía
que la tierra era de los adultos.
Podían hacer el amor, fumar, beber a su antojo,
ir a donde quisieran.
Sobre todo, aplastarnos con su poder indomable.

Ahora sé por larga experiencia el lugar común:
en realidad no hay adultos,
sólo niños envejecidos.

Quieren lo que no tienen:
el juguete del otro.
Sienten miedo de todo.
Obedecen siempre a alguien.
No disponen de su existencia.
Lloran por cualquier cosa.

Pero no son valientes como lo fueron a los diez años:
lo hacen de noche y en silencio y a solas.

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