Joan Margarit – Água-forte

O granizo metralha as vidraças,
as rajadas arrasam as calçadas.
E tu e eu aqui, onde o mau tempo
resume os obstáculos que às vezes
nos levam à beira do abismo.
Olhos brilhantes de desacertos,
mãos queimadas por se salvarem agarradas
aos gelados corrimãos do inferno.
Que o acaso continue disparando
sem razão, como sempre, nas vidraças.
Além do amor – desse nosso amor –
nada faz sentido.

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 12/11/2019

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Joan Margarit – Aguafuerte

El granizo ametralla los cristales,
las ráfagas arrasan las aceras.
Tú y yo estamos aquí, donde el mal tiempo
resume los obstáculos que a veces
nos han llevado al borde del abismo.
Ojos brillantes de equivocaciones,
manos quemadas por salvarse asidas
a la helada baranda del infierno.
Que el azar continúe disparando
sin razón, como siempre, a los cristales.
Más allá del amor —de nuestro amor—
nada tiene sentido.

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