Danusha Laméris – Pequenas Gentilezas

Estive pensando na maneira como, quando você caminha
por um corredor lotado, as pessoas recolhem suas pernas
para deixar você passar. Ou como estranhos ainda dizem “Deus te abençoe”
quando alguém espirra, um resquício
da Peste Bubônica. “Não morra”, estamos dizendo.
E das vezes que, ao derrubar limões
de sua sacola de compras, outra pessoa o ajuda
a recolhê-los. Na maioria das vezes, não queremos magoar uns aos outros.
Queremos receber nossa xícara de café quente,
e agradecer à pessoa que a entregou. Sorrir
para ela e esperar que ela sorria de volta. Para que a garçonete
nos chame de querido quando colocar na mesa a tigela de sopa de mariscos,
e para que o motorista da picape vermelha nos deixe passar.
Temos tão pouco uns dos outros agora. Estamos tão distantes
da tribo e do fogo. Apenas esses breves momentos de partilha.
E se eles forem a verdadeira morada do sagrado, estes
templos fugazes que construímos juntos quando dizemos “Aqui,
pegue o meu lugar”, “Por favor, você primeiro”, “Bonito o seu chapéu”?

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 21/08/2019

Mais do que uma leitura, uma experiência. Clique, compre e contribua para manter a poesia viva em nosso blog

Small Kindnesses

I’ve been thinking about the way, when you walk
down a crowded aisle, people pull in their legs
to let you by. Or how strangers still say “bless you”
when someone sneezes, a leftover
from the Bubonic plague. “Don’t die,” we are saying.
And sometimes, when you spill lemons
from your grocery bag, someone else will help you
pick them up. Mostly, we don’t want to harm each other.
We want to be handed our cup of coffee hot,
and to say thank you to the person handing it. To smile
at them and for them to smile back. For the waitress
to call us honey when she sets down the bowl of clam chowder,
and for the driver in the red pick-up truck to let us pass.
We have so little of each other, now. So far
from tribe and fire. Only these brief moments of exchange.
What if they are the true dwelling of the holy, these
fleeting temples we make together when we say, “Here,
have my seat,” “Go ahead—you first,” “I like your hat.”

Deixe um comentário