Joan Margarit – Não jogues fora as cartas de amor

Elas não te abandonarão.
O tempo passará, o desejo se apagará
— esta seta da sombra —
e os rostos sensuais, belos e inteligentes
se ocultarão em ti, no fundo de um espelho.
Passarão os anos. Os livros te cansarão.
Cairás ainda mais
e inclusive perderás a poesia.
O ruído da cidade nas vidraças
acabará sendo tua única música,
e as cartas de amor que houveres guardado
serão tua última literatura.

Trad.: Nelson Santander

REPUBLICAÇÃO: poema publicado na página originalmente em 01/07/2018

No tires las cartas de amor

Ellas no te abandonarán.
El tiempo pasará, se borrará el deseo
-esta flecha de sombra-
y los sensuales rostros, bellos e inteligentes,
se ocultarán en ti, al fondo de un espejo.
Caerán los años. Te cansarán los libros.
Descenderás aún más
e, incluso, perderás la poesía.
El ruido de ciudad en los cristales
acabará por ser tu única música,
y las cartas de amor que habrás guardado
serán tu última literatura.

Deixe um comentário