Para responder à sua pergunta, sim,
me vejo querendo cada vez menos
transar com o rapaz morto que foi meu
antes de não ser mais nada.
Ele é nove anos mais novo do que eu agora – um garoto
que ainda fuma baseados em seu dormitório;
o que quero dizer é que ele não faz mais nada disso
porque está morto. Porque seu corpo
não é mais um corpo agora, mas terra úmida.
O que significa que, em vez disso, eu deveria desejar
os ventres das moscas. As asas das mariposas
desdobrando-se úmidas de seus casulos.
Deveria desejar o peixe que comeu
o peixe que comeu o plâncton
que levou o pó de seu outrora corpo
para a garganta. O garoto cujo corpo
foi o primeiro a entrar no meu, agora
respira por muitas bocas.
Ele tem guelras, é folhas úmidas e coral,
todas as coisas que vivem, mas não sabem disso,
não sabem que um dia foram um garoto
que arrancou meu jeans molhado,
beijou o interior das minhas coxas
na casa de seus pais, que veio até mim
uma noite, embriagado de amor, dizendo,
escuta não importa escuta
sumir nunca vou
Trad.: Nelson Santander
Afterlife
To answer your question, yes,
I find myself wanting less and less
to fuck the dead boy who was mine
before he was nothing.
He is nine years younger than me now – a boy
who still smokes blunts in his dorm room,
by which I mean he does none of that
because he is dead. Because his body
is no body now, but wet earth.
Meaning I should instead desire
the bellies of flies. Moth wings
unfolding wet from their shells.
Should hunger for the fish that ate
the fish that ate the plankton
that took his once-body dust
into its gullet. The boy whose body
was the first to enter mine is breathing
from too many mouths now.
He is gilled, wet leaves, coral,
all things that live but don’t know it,
don’t know they were once a boy
who peeled off my wet jeans,
kissed the insides of my knees
in his parents’ house, who came to me
love-addled one night, saying,
listen no matter listen
away i’ll never